segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ABANDONO E MAUS -TRATOS É CRIME! VEJA COMO DENUNCIAR...

PROTEÇÃO E DEFESA AOS ANIMAIS

"Salvando os animais da ameaça humana".

Lei: abandono e maus-tratos é crime. Veja como denunciar!

Caso você veja ou saiba de maus-tratos cometidos contra qualquer tipo de animal, não pense duas vezes: vá a delegacia de polícia mais próxima para lavrar boletim de ocorrência ou, se preferir, compareça ao Fórum para orientar-se com o Promotor de Justiça (Promotoria de Justiça do Meio-Ambiente em SP: [11] 3119-9524). A denúncia de maus-tratos é legitimada pelo Art. 32, da Lei Federal nº. 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). É importante levar com você uma cópia do número da Lei (no caso, a 9.605/98) e do Art. 32 porque, em geral, as autoridades policiais nem tem conhecimento dessa lei. Leve também o Art. 319 do Código Penal, caso a autoridade se recuse a abrir o Boletim de Ocorrência. Afinal de contas estamos no Brasil, e se os próprios cidadãos deste País sofrem com o descaso de muitas autoridades, imagine os animais! Eis o texto da Lei:

"Artigo 32 da Lei Federal nº. 9.605/98

È considerado crime praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, doméstico ou domesticados, nativos ou exóticos.

Pena - Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo 1°. - Incorre nas mesmas Penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animais vivos, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

Parágrafo 2°. - A Pena é aumentada de 1 (um) terço a 1(um) sexto, se ocorrer a morte do(s) animal(s)."

Os atos de maus-tratos e crueldades mais comuns são:

  • abandono;
  • manter animal preso por muito tempo sem comida e contato com seus donos/responsáveis;
  • deixar animal em lugar impróprio e anti-higiênico;
  • envenenamento;
  • agressão física, covarde e exagerada;
  • mutilação;
  • utilizar animal em shows, apresentações ou trabalho que possa lhe causar pânico e sofrimento;
  • não procurar um veterinário se o animal estiver doente;

Isto serve para os animais domésticos mais comuns como cães, gatos e pássaros, também cavalos usados em trabalho de tração (aquelas carroças muito comuns nas ruas de grandes cidades), além de animais criados e domesticados em sítios, chácaras e fazendas. Animais silvestres estão inclusos nessa Lei, possuindo também Leis e Portarias próprias criadas pelo IBAMA.

Assim que o Policial ou Escrivão ouvir seu relato sobre o crime, a ele cabe cumprir a instauração de inquérito policial. Se ele se negar a fazê-lo, sob qualquer motivo, lembre-o que ele pode ser responsabilizado por crime de prevaricação e negligência, previsto no Art. 319 do Código Penal que diz: "È crime retardar ou deixar de praticar indevidamente ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa da lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal." Exija falar com o Delegado responsável, que tem o dever de lhe atender e de fazer cumprir a Lei. Faça valer seus direitos e o daqueles que não podem falar e sofrem em silêncio!

Caso ainda assim não consiga atendimento satisfatório, denuncie! Denúncia ao Ministério Publico - SP Tel.: (11) 6955-4352. Para tanto, anote o nome e a patente de quem o atendeu, o endereço e número da delegacia, o horário, data e faça um relato em duas vias, pedindo para protocolar uma delas. Se você estiver acompanhado de alguém, este poderá ser sua prova testemunhal para o encaminhamento de queixa ao MP.

Tudo o que você conseguir como fatos e provas devem ser anexados junto à ocorrência para auxiliar no seu B.O.: relatos de testemunhas, fotografias, laudo veterinário, placa do carro que abandonou o animal, etc.

Uma questão muito comum: " - Tenho medo de denunciar pois isso poderá causar problemas para mim e para as testemunhas, como ameaças, agressões, etc". Sobre isso, leia abaixo:

VOCÊ NÃO SERÁ O AUTOR DO PROCESSO JUDICIAL QUE PORVENTURA SEJA ABERTO A PEDIDO DO DELEGADO.

Preste atenção: o Decreto 24.645/34 diz, em seu artigo 1° e 2º (parágrafo 3°):

  1. "Todos os animais existentes no País são tutelados pelo Estado";
  2. "Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Publico, seus substitutos legais e pelos membros das Sociedades Protetoras dos Animais"

Portanto, na verdade, não é você quem estará abrindo um processo judicial e sim o Estado. Uma vez concluído o inquérito para apuração do crime, o Delegado o encaminhará ao Juízo para abertura de ação, onde o Autor será o Estado.

Em São Paulo você também poderá fazer sua denúncia pela Internet. A Prefeitura mantém um site específicohttp://sac.prodam.sp.gov.br/ em cuja página você irá encontram um cadastro de solicitações com um menu de opções. Procure pela palavra "Animais" e clique em "OK". Você encontrará um novo menu com a especificação do assunto. Escolha entre as opções: "Criação inadequada de caes/gatos (s/higiene, excesso de animais)", ou "Maus tratos a animais (caes,gatos e cavalos)". Em outros Estados, procure na Internet pelo site oficial de sua Prefeitura que, em muitos casos, também possui serviço semelhante.

Se o crime for contra Animais Silvestres (que são todos aqueles animais pertencentes às espécies nativas, migratórias, aquáticas ou terrestres, que tenham a sua vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos limites do Território Brasileiro e suas águas jurisdicionais), além de serem normalmente protegidos pela Lei 9.605/98 descrita acima, ainda podem ser denunciados à Polícia Florestal (onde houver) e ao IBAMA no "Linha Verde", Tel.: 0800-618080 (ligação gratuita). Lembrando que Animais Silvestres possuem Leis e Portarias específicas previstas na Constituição e no Código Penal. Se você tiver acesso a Internet, pode visitar o sitehttp://www.renctas.org.br/ e fazer a denúncia através do e-mail: renctas@renctas.org.br Em São Paulo você também pode entrar em contato com o DEPAV (11) 3885-6669.

Dica importante: Você sabia que as Associações de Bairro representam uma força associativa que pode provocar as autoridades na tomada de atitudes concretas em prol da comunidade? Com o advento da Lei 7.347 de 24/07/1985, essas associações, qualificadas como entidades de função pública, podem ingressar até mesmo com mandados de segurança (conforme Constituição Federal, Art. 5º LXX "b") e a Fauna é considerada como um patrimônio público. Portanto, se o seu bairro estiver organizado em uma Associação, procure-a e peça que alguém o acompanhe até a delegacia ou ao fórum mais próximo.

Telefones úteis:

  • IBAMA (Linha Verde) 0800-618080
  • DEPAV/SP (11) 3885-6669
  • Instituto Nina Rosa (11) 3031-9091
  • Aliança Int. do Animal (11) 3167-2879

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sexta-feira, 16 de julho de 2010

No inferno, veste-se roupas brancas


No Inferno, todos vestem roupas brancas
por Denise Terra
Ainda não amanheceu, estamos diante da chuva e do frio do inverno gaúcho à espera do ônibus que irá nos guiar até um dos maiores matadouros do RS. Somos estudantes de medicina veterinária, cursando uma disciplina obrigatória de inspeção de produtos de origem animal. A maioria de nós encontra-se eufórica, à espera dos ‘momentos emocionantes’ do dia. Eu estou em um canto, sendo observada de perto pela professora e o coordenador do curso, que ao saberem que sou vegana e ativista, temem que eu tenha um colapso na linha de matança.
Entramos no ônibus e seguimos viagem. No caminho, a sensação de que as cenas que eu teria que presenciar não seriam diferentes daquelas filmadas clandestinamente em matadouros ao redor do mundo, e ao mesmo tempo o sentimento inequívoco de que estaria prestes a presenciar uma série de crimes considerados ‘necessários’ pela humanidade.
Chegamos! Ao abrir a porta do ônibus, já somos tomados pelo impregnante odor adocicado da matança das aves que ocorre dentro do estabelecimento. Adentramos o local, após termos vestido roupas brancas especiais, e começamos a visita no sentido contrário ao fluxo produtivo para evitar contaminações no produto final. Trata-se de um corredor estreito, com o pé direito baixo, quase um túnel, que desemboca em uma luz amarela intensa, para repelir insetos. Nossa guia, então, abre a porta e entramos na parte final da produção. Um sistema complexo de esteiras e ganchos, chamados nórias, passam por nossas cabeças, e neles estão fixadas pelas patas as carcaças de frango, que pingam incessantemente uma gordura fétida acrescida da água hiperclorada utilizada em sua higienização.
Sob as esteiras estão os funcionários que trabalham em pé, diante de uma bancada, na maioria mulheres, que nos olham com curiosidade e espanto. A expressão em seus rostos é de uma tristeza marcante, mesclada pelo cansaço físico dos movimentos repetitivos que têm que executar diariamente. O barulho do local é ensurdecedor e, conforme andamos, o cheiro forte torna- se cada vez mais desagradável. Em cada bancada, os funcionários devem desempenhar uma função, chamadas de linhas de inspeção, que são classificadas por letras do alfabeto. Em cada letra ocorre a retirada padronizada de determinados órgãos. Um grupo de mulheres, muitas sem luvas, trabalham retirando com as mãos, com uma destreza impressionante, a vesícula biliar das carcaças em processo de evisceração. Mais adiante, outra funcionária dedica-se a ‘pescar’ com uma barra de metal as carcaças que caem no chão, para destiná-las à graxaria, onde serão transformadas em produtos não-comestíveis. Durante a passagem das nórias podemos observar que cada uma apresenta uma marcação com uma cor, o que serve para fazer a contagem final dos frangos por produtor e repassar o lucro referente ao dia.
Uma máquina especial remove toda a carne restante presa nos ossos, que farão parte da liga que irá compor os caros e adorados nuggets. Estamos agora diante dos chillers, equipamentos responsáveis pelo aquecimento seguido de um resfriamento rápido das carcaças, com a finalidade de eliminar contaminantes biológicos da carne. Os chillers nada mais são do que grandes piscinas vermelhas de sangue com partículas de gordura que ficam boiando na superfície, onde os frangos ficam embebidos.
Olho para o chão e tudo o que vejo é sangue e uma quantidade absurda de água que parece verter de todos os lados para a limpeza das carcaças – estima-se que para a limpeza de cada carcaça de frango se gaste em média 35 litros de água! Desvio o olhar para cima e vejo carcaças sangrentas passando por minha cabeça, pois estamos nos aproximando do início do processo, quando começam a surgir aves com cabeças e penas, que são retiradas em uma máquina específica, o que deixa o chão lotado de penas brancas.
Nossa guia nos avisa que estamos chegando à linha de matança. Há uma diminuição abrupta da luz, onde funcionários trabalham quase no escuro. Os índices de depressão dos funcionários que exercem essa função são extremamente elevados, devido à insalubridade. Trata-se do início do processo de insensibilização. A luz é reduzida com a finalidade de reduzir a atividade e o estresse dos animais, que são extremamente sensíveis a este estímulo. A esteira segue com as aves penduradas na nória pela pata, de cabeça para baixo e agora passam por um túnel, onde sofrem eletronarcose – isto é, são molhadas e eletrocutadas, de modo que isso as atordoe, mas sem causar a morte. As galinhas seguem estáticas pela esteira, onde logo encontram uma serra, que fica presa a uma espécie de roda, e têm suas gargantas cortadas. Nossa guia nos explica que dependendo do tamanho das aves a altura da lâmina deve ser ajustada, para reduzir a margem de erros no corte mecanizado.
Na sequência, algumas galinhas encontram-se com o pescoço intacto, enquanto outras, mesmo com a traquéia perfurada, começam a se mexer, visivelmente conscientes. Um funcionário tem então como tarefa cortar o máximo de pescoços de galinhas que falharam na serra automática, mas a esteira passa em uma velocidade assustadora, são muitas aves que devem morrer hoje para atender à demanda do mercado, cada vez mais voraz por carne de frango. Não há tempo para cortar o pescoço de todas as intactas, nem de abreviar o sofrimento daquelas que se debatem. As aves seguem para serem escaldadas em água fervendo.
Fomos levados ao local do recebimento das cargas. Vemos caixas e caixas com mais aves do que espaço interno, em algumas há mais de dez animais. São tantas que muitas estão fora das caixas, respiram ofegantes, com o bico aberto pelo estresse e pelo medo. Elas estão há dez horas em jejum, sendo permitido o abate somente até doze horas após o início do jejum. O trabalho segue em ritmo frenético. Uma colega encontra uma galinha solta e a pega, colocando-a, de forma orgulhosa, em outra caixa que segue na esteira rumo à serra automática, emitindo um comentário de que estava feliz por ter conseguido pegá-la. Descemos as escadas e nos deparamos com o caminhão que as trouxe. Somos instruídos a não passar muito perto, pois poderíamos ser bicados pelas aves apinhadas dentro das caixas. Nos afastamos um pouco e, em poucos momentos, vemos aves soltas em cima do caminhão. Elas tentam voar mas não conseguem, e muitas acabam caindo direto no chão. Um funcionário aparece com um gancho e as junta pelas patas, como se fosse inços em meio a grama. Violentamente, ele junta o máximo de aves que pode pegar com cada mão. As aves estão penduradas apenas por uma das patas. Então, alguém lembra que ele poderia ser mais delicado e pensar no ‘bemestar’ animal, afinal, deste modo, os frangos podem apresentar lesões graves como rupturas e fraturas, o que compromete o retorno financeiro pela carcaça.
Somos encaminhados para uma espécie de área de descanso dos funcionários, onde esperamos pelo veterinário responsável pelo setor de suínos para nos acompanhar na visita deste setor. Neste momento uma funcionária, escorada por mais duas colegas, passa em estado de choque por nós. Ela estava sangrando muito na mão. Acabou de sofrer um acidente de trabalho. Ela chora muito, a lesão parece grave. Uma colega nossa se manifesta rindo, dizendo que não vai comer o frango que ela estava eviscerando na hora que se machucou! Muitos acham graça e riem. Mais à frente vejo uma placa dizendo ‘Estamos a ZERO dias sem acidentes de trabalho’ e, logo abaixo, ‘Recorde sem acidentes:83 dias’.
No setor de suínos, passamos pelo mesmo ritual de antissepsia e adentramos outro corredor estreito com luzes amarelas. Meu nariz ainda está impregnado com o cheiro da morte das galinhas e meus ouvidos ainda não se acostumaram ao barulho estridente das máquinas, que são fortemente audíveis mesmo com o uso de protetores auriculares. Uma porta se abre, e atrás do veterinário estão centenas de carcaças de porcos mortos pendurados pela pata traseira, passando pela esteira. O tamanho do animal impressiona. O veterinário nos conta que ali são abatidos 2350 suínos por dia! Os funcionários agora são em sua grande maioria homens, muitos aparentemente se orgulham de sua função, e riem enquanto serram o abdômen do animal e retiram as vísceras. Neste setor a esteira anda mais lentamente, devido ao tamanho do animal e a menor quantidade de animais que estão sendo abatidos, quando comparado ao setor de aves. Há sangue por tudo.
Para caminhar, temos que desviar das carcaças de 100 kg penduradas sobre nossas cabeças. Os funcionários realizam seu trabalho em etapas específicas da produção, uns arrancam a cabeça, enquanto outros em outra parte da sala removem os órgãos internos e outros ainda são responsáveis pela identificação de qual cabeça pertence a que corpo, através de um sistema de numeração para posterior inspeção de possíveis lesões que possam causar danos à saúde pública. Mais à frente vemos uma impressionante sequência de dezenas de porcos abatidos subindo de uma andar ao outro pelo sistema de esteiras. Somos convidados a ir até o andar de baixo onde ocorre a sangria. Para chegarmos lá temos que descer uma escada helicoidal estreita e escorregadia, devido à presença de gordura suína sob nossas botas. No meio desta escada existe uma espécie de calha por onde passam os animais mortos, ainda cheios de sangue. Nossa roupa está tapada de respingos de sangue.
De repente a temperatura do ambiente muda e começamos a sentir um calor e um barulho atípicos do lugar. Olho então para frente e vejo a cena de uma carcaça pendurada por uma pata passar por uma espécie de jogo automatizado de chamas. Durante os poucos segundos que dura o processo, podemos ver as carcaças envoltas de uma labareda azul, e sentimos um forte cheiro de pêlo queimado. As labaredas são utilizadas para eliminar os resquícios de cerdas após a remoção dos pêlos, previamente removidos por um sistema de borrachas. Chegamos finalmente na sangria. Os gritos estrondosos dos animais deveriam fazer qualquer um perceber que não é possível existir bem-estar diante da banalização da morte. Ao invés disso, muitos riem cada vez que um suíno é grosseiramente empurrado por um funcionário, munido de uma vara capaz de disparar choques de baixa intensidade, em direção a uma espécie de escorregador totalmente fechado dos quatro lados. No fim do escorregador está um funcionário de aparência assustadora com uma barra com uma espécie de ‘U’ na ponta. O ‘U’ é encaixado na cabeça do animal e suas pontas ficam em contato com a região temporal do crânio, onde um choque de grande intensidade é disparado. O animal cai como uma pedra, gerando um barulho característico de seu corpo desabando sobre a esteira metálica. Muitos apresentam contrações involuntárias nas patas, e parecem estar dando coices. Com uma destreza impressionante o funcionário seguinte corta a garganta do animal. Através do orifício na traquéia jorram litros de sangue. O veterinário nos explica que neste momento o animal ainda não está morto, mas que “conforme as boas práticas de bem-estar animal, estes devem morrer dentro de no máximo seis minutos”, após ocorrer a total eliminação do sangue pelo bombeamento cardíaco. Na verdade, o real motivo para que não se aceite a morte do animal em tempo superior a este, é evitar que a carcaça fique PSE – ‘pale, soft, exsudative’, ‘pálida, friável, exsudativa’, pois este tipo de produto não apresenta a qualidade necessária exigida pelo mercado, e consequentemente há perda nos lucros.
Somos levados até os currais onde podemos ver os suínos vivos serem empurrados para o escorregador. Eles estão em pânico, uns sobem sobre os outros, enquanto nos olham fixamente nos olhos com a real expressão do horror. Os gritos tornam-se cada vez mais altos e o funcionário os empurra com o bastão de choques. Mais atrás está outro funcionário com uma espécie de relho feito de sacos plásticos, e o desfere contra o lombo dos animais para estes andarem na direção da matança. O veterinário nos explica que o relho é feito deste material para não machucar os animais. Isto constituiria crueldade, algo condenável pelo ‘bem-estar animal’, valor muito importante dentro da empresa, e que poderia acarretar em lesões cutâneas, afetando negativamente o valor da carcaça.
Por fim, podemos ver os currais de chegada, onde os caminhões descarregam diariamente os animais para o abate. É neste local que deve ser feita a inspeção ante-mortem pelo veterinário da inspetoria. De acordo com os preceitos da humanização da morte, todos aqueles animais que chegam com fraturas na pata e que não conseguem mais se locomover adequadamente devem ser removidos em separado e enviados para a matança imediata, isto é, devem ter o direito de ‘furar a fila’ a fim de que o seu sofrimento seja abreviado. O veterinário, com muito orgulho, faz questão de dizer que “o processo precisa ser feito”! E que já que é necessário, “é preciso fazê-lo com dignidade e respeito pelos animais”; Ele ainda afirma que na indústria é possível assegurar que estes animais não passam por sofrimento, e que o seu fim é muito menos cruel do que seria se fossem predados por um leão na natureza!
Neste momento, é difícil conter o riso diante da tortuosidade do raciocínio exposto. Em local algum do mundo teríamos mais de 2000 suínos sendo predados em cadeia por leões vorazes, sistematicamente, todos os dias. Ao que consta, leões não têm a capacidade de raciocínio semelhante a um humano. Eles não podem fazer escolhas, simplesmente porque não têm como refletir sobre as consequências dos próprios atos. Leões não planejam estrategicamente como irão matar suas presas a fim de terem lucro com isso, e tampouco consideram normal a condição de degradação de outros seres de sua própria espécie em prol da satisfação do luxo de outros poucos. Apenas o ser humano é capaz de ter estratégias para a exploração máxima de todos aqueles capazes de sofrer sem de fato considerar isso. Hoje, muito se fala sobre bem-estar animal, porém trata-se apenas de um modo mais refinado de justificar injustificáveis fins.
O bem-estar animal agrada a muitos, pois consegue suavizar o sofrimento e a culpa daqueles que sustentam a indústria da morte, e ajudam a aumentar os lucros através de medidas que teoricamente são adotadas para beneficiar os animais, mas que são norteadas pelo aumento da produtividade e qualidade do produto final. O limite do ‘bem-estar animal’ vai até onde o marketing e o lucro podem vislumbrar. É inacreditável que, para a grande maioria, ingenuamente, esse ainda seja visto como o caminho para o fim do sofrimento. O sofrimento animal apenas poderá ser reduzido quando criarmos coragem para defender o direito dos animais, através da abolição do consumo de seus corpos para a satisfação fugaz de nossos desejos egoístas.
* Denise Terra é formanda em Medicina Veterinária
Fonte: Vanguarda Abolicionista - http://migre.me/XsUA

terça-feira, 9 de março de 2010

Não é óbvio ?


Você já parou para pensar na dor e no sofrimento que é para os animais terem seus membros despedaçados,suas gargantas perfuradas, seus corpos esfolados e suas cabeças arrancadas brutalmente, tudo isso para atender caprichos seus e servir de alimento para você? Você sabia que não existe bem-estarismo animal na prática e que tudo isso acontece enquanto o animal está vivo e consciente?
Como os seus olhos não se assombram com a violência? Como sua garganta suporta sentir escorre-lhe os sucos e o sangue de outro ser? Como o seu estômago não se embrulha ao saber da agonizante cena que se deu antes daquele corpo chegar até sua mesa?
Pare um pouco, olhe para seu prato e reflita; é correto matar para comer quando se tem uma infinidade de opções de alimentos livres do sangue e da dor?
Vegetarianismo não é modismo nem alienação. Vegetarianismo é um ato de profundo respeito e valorização da vida. Reavalie seus conceitos,reveja sua cultura e mude seus atos de forma a não agredir nem a sua consciência, nem ao planeta e muito menos a outros seres que aqui vivem e que, como você, gostariam de poder viver.
devemos respeitar os direitos básicos de qualquer indivíduo, mas nunca o direito que ele se atribui de violar os direitos de outros indivíduos. Num caso de conflito de interesses , nossa solidariedade deve se voltar sempre para a vítima,não para o algoz. E quando os interesses da vida humana se conflituam com os interesses da vida animal a prioridade é o direito à vida e ponto.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Se responda!


Se você ama os animias, obviamente não faz sentido ferí-los.
Seria capaz de olhar nos olhos de um animal e dizer-lhe: 'o meu prazer é mais importante que o seu sofrimento' ?
Se você acha que está repensando suas atitudes para salvar o planeta e , no entanto, ainda não abriu mão de comer animais, então você está no caminho errado.
O que não podemos fazer nunca é nos calarmos em nome do "respeito" e da "tolerância". Neste caso estaremos sendo coniventes.
Auschwitz começa em qualquer lugar onde alguém olha para um matadouro e pensa: São apenas animais. ( theodor Adorno, filósofo judeu alemão forçado ao exílio pelos nazistas)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

TERRA É INCAPAZ DE ACOMPANHAR CONSUMO DE CARNE E PESCADOS




Terra é incapaz de acompanhar consumo de carnes e pescado


No topo absoluto da cadeia alimentar, os seres humanos se dão ao luxo de comer de tudo, mas a um preço elevado: a pesca maciça está levando as espécies marinhas à extinção, e a piscicultura polui a água, o solo e a atmosfera - o que precisa fazer com que mudemos de hábitos.

Alimentar a humanidade - nove bilhões de indivíduos até 2050, segundo as previsões da ONU - exigirá uma adaptação de nosso comportamento, sobretudo nos países mais ricos, que precisarão ajudar os países em desenvolvimento.

Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), publicado nesta quinta-feira, a produção mundial de carne deverá dobrar para atender à demanda mundial, chegando a 463 milhões de toneladas por ano.

Um chinês que consumia 13,7 kg de carne em 1980, por exemplo, hoje come em média 59,5 kg por ano. Nos países desenvolvidos, o consumo chega a 80 kg per capita.

"O problema é como impedir que isso aconteça. Quando a renda aumenta, o consumo de produtos lácteos e bovinos segue o mesmo caminho: não há exemplo em contrário no mundo", destacou Hervé Guyomard, diretor científico em Agricultura do Instituto Nacional de Pesquisa Agrônima da França (INRA), responsável pelo relatório Agrimonde sobre "os sistemas agrícolas e alimentares mundiais no horizonte de 2050".

Atualmente, a agricultura produz 4.600 quilocalorias por dia e por habitante, o suficiente para alimentar seis bilhões de indivíduos.

Deste total, no entanto, 800 se perdem no campo (pragas, insetos, armazenamento), 1.500 são dedicadas à alimentação dos animais - que só restituem em média 500 calorias na mesa - e 800 são desperdiçadas nos países desenvolvidos.

Por outro lado, o gado custa caro ao meio ambiente: 8% do consumo de água, 18% das emissões de gases causadores do efeito estufa (mais que os transportes) e 37% do metano (que colabora para o aquecimento do clima 21% mais que o CO2) emitido pelas atividades humanas.

E, mesmo que seja fonte essencial de proteínas, a carne bovina não é "rentável" do ponto de vista alimentar: "são necessárias três calorias vegetais para produzir uma caloria de carne de ave, sete para uma caloria de porco e nove para uma caloria bovina", explicou Guyomard.

Desta maneira, mais de um terço (37%) da produção mundial de cereais serve para alimentar o gado - 56% nos países ricos - segundo o World Ressources Institute.

Seria o caso, então, de reduzir o consumo de carne e substitui-lo pelo peixe?

Os oceanos não podem ser considerados uma despensa inesgotável, estimou Philippe Cury, diretor de pesquisas do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD).

O número de pescaodres é duas a três vezes superior à capacidade de reconstituição das espécies.

No atual ritmo, a totalidade das espécies comerciais haverá desaparecido em 2050.

(Com agência France-Presse)

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

SAIBA MAIS !!!

VEGETARIANISMO É POLÍTICA
O vegetarianismo transcende a mera "pena dos animais" e a opção por uma dieta mais saudável. Ser vegetariano é, antes de tudo, adotar uma postura ética! O discurso que se usa para justificar a exploração dos animais é o mesmo que, no passado, usamos para defender a escravidão e a desigualdade de direitos entre homens e mulheres. Talvez isso fique claro comparando-se as atitudes injustas em relação a animais humanos e não humanos: http://www.peta.org/animalliberation/guide3.asp
O vegetariano, conscientemente ou não, está boicotando os "produtos" de uma indústria que mente descaradamente para seus consumidores, que coloca seus funcionários sob condições de trabalho precárias e embrutecedoras, que destrói o meio-ambiente em virtude do consumo pródigo de recursos naturais e despejo de poluentes, além de explorar, torturar e matar os não-humanos. O vegetariano quebra o paradigma de que "comer carne é necessário", questionando a tradição e a autoridade.
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O que torna você menor do que aquele que ganha a vida matando seres indefesos é você comê-los. Se toca, chuchu!
QUER SABER MAIS SOBRE VEGETARIANISMO?
ACESSE:
www.svb.org.br
www.ativeg.org
www.anda.jor.br
www.vidavegetariana.com.br
www.vegetarianismo.com.br
www.sejavegetariano.com.br
www.centrovegetariano.org
www.abolicionismoanimal.org.br
www.institutoninarosa.org.br
www.cantinhovegetariano.blogspot.com
www.pea.org.br
www.nutriveg.com.br
www.seashepherd.org.br
www.animalliberationfront.com
www.tribunaanimal.org
www.sentiens.net
www.ranchodosgnomos.org.br
[b]ASSISTA, SE AGUENTAR porque dizer que sabe e não fazer nada é ainda não saber. E deixe de ser medroso e mastigue isto:[/b]

TERRÁQUEOS ( vencedor de vários prêmios )
[legendado em português]
Documentário sobre o especismo (doutrina que julga um espécie superior a outra) da espécie humana, contém cenas fortes e foi proíbido em muitos países. É para os corajosos.
Site oficial, em inglês: www.earthlings.com
parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=tZ8oxD9WLNo
parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=U1Qu0RPwI4U
parte 3: http://www.youtube.com/watch?v=m-KSXWNx2Os
parte 4: http://www.youtube.com/watch?v=qxukf4iQlYw
parte 5: http://www.youtube.com/watch?v=BfPq3ESIv8I
parte 6: http://www.youtube.com/watch?v=0FdZUiUm_pY
parte 7: http://www.youtube.com/watch?v=gtQPHmbTEfo
parte 8: http://www.youtube.com/watch?v=W5f1j7zZhIU
parte 9: http://www.youtube.com/watch?v=o5pocEHeJoE
parte 10: http://www.youtube.com/watch?v=Nr5qin0GPYg

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Alternativas para testes em Animais







As Alternativas

O que são alternativas?

Definimos alternativas como recursos educacionais ou abordagens educativas que substituam o uso de animais ou complementem práticas humanitárias de ensino. A educação humanitária no ensino de ciências pode ser encontrada quando:

- estudantes são respeitados em sua liberdade de escolha e opinião

- animais não são submetidos a sofrimento ou mortos em praticas educativas

- os objetivos educacionais são obtidos utilizando-se métodos e abordagens

alternativas

- a educação estimula a visão holística e o respeito à vida

Alternativas são Inovadoras: A adoção de métodos alternativos mantém a educação atualizada e sincronizada com o progresso tecnológico, com o desenvolvimento de métodos de ensino e contribuem para o pensamento ético. Mostram o respeito para com as considerações éticas dos professores e estudantes, e para com os animais. Com várias alternativas, os estudantes podem aprender em seu próprio ritmo. A qualidade da educação é acentuada, criando um ambiente saudável de aprendizagem com o mínimo de conflitos negativos, distração ou complicação. Muitos métodos humanitários de ensino são simples, previsíveis e repetitíveis, de modo que princípios experimentais e objetivos posam ser aprendidos eficientemente. A auto-experimentação pode ser altamente memorizável e divertida, e alternativas avançadas como realidade virtual e multimídia são excitantes no uso.

Alternativas são Eficientes: O uso de alternativas e uma combinação de cuidados específicos no ensino possibilitam o alcance dos objetivos de ensino de qualquer prática com animais. Além do mais, estudos publicados que têm avaliado a eficiência de métodos alternativos tem mostrado que os estudantes que optam por alternativas aprendem tão bem quanto, e em alguns casos melhor, que os estudantes que utilizam o método tradicional de experimentação animal. Alternativas são mais econômicas também: muitas alternativas e mesmo métodos de ensino são baratas quando comparadas ao gasto com a manutenção, compra ou criação de animais. Outras alternativas requerem um gasto inicial considerável, mas os benefícios do investimento são aparentemente imediatos, e os custos podem ser cobertos à longo prazo, pois poupam o gasto exigido com o uso de animais.

Modelos e Simuladores: Modelos e simuladores mecânicos podem ser muito úteis ao estudo de anatomia, fisiologia e cirurgia. Eles vão de modelos simples e baratos à equipamentos computadorizados. Modelos mecânicos como simuladores de circulação podem oferecer uma excelente visão de processos fisiológicos, e simuladores de pacientes ligados à computadores e manequins, e controles sofisticados de operação estão substituindo cada vez mais o uso de animais no treinamento médico.

Filmes e Vídeos Interativos: Filmes são baratos, fáceis de se obter, duradouros e fáceis de usar. Eles oferecem a possibilidade de repetição, utilizando câmera lenta, e mostrando detalhes em closes. A adição de gráficos, animações e elementos interativos podem acentuar o seu valor educativo; e com faixas audio-visuais os estudantes podem acompanhar uma gravação de um experimento enquanto monitoram os equipamentos que registram os detalhes do experimento.

Simulação Computadorizadas e Realidade Virtual: Alternativas computadorizadas podem ser altamente interativas e incorporar outros meios como gráficos de alta qualidade, filmes, e frequentemente CD Roms. Eles podem ser baseados em dados experimentais atuais ou serem gerados de equações clássicas, e podem incluir variação biológica. Alguns permitem a adaptação pelos professores, de modo a possibilitar os objetivos específicos da aula. A aprendizagem através de computadores não apenas permite a exploração de disciplinas por novos caminhos e em grande profundidade, como também capacita os estudantes para um futuro onde a Informação-Tecnologia terão um papel dominante. Desenvolvimentos no campo da realidade virtual têm possibilitado o uso de técnicas de imagem de alta qualidade no trabalho de diagnóstico e tratamento no estudo e prática de medicina humana. Com as técnicas disponíveis atualmente, o desenvolvimento de novas alternativas computadorizadas e o aperfeiçoamento de produtos existentes é quase ilimitado.

Auto-Experimentação: Estudantes de biologia e medicina de muitas universidades participam ativamente em práticas cuidadosamente supervisionadas onde eles são os animais experimentais para o estudo de fisiologia, bioquímica e outras áreas. Ingerindo substâncias como café ou açúcar, administrando drogas como diuréticos, e usando eletrodos externos para a mensuração de velocidade de sinais nervosos estão entre os muitos testes que podem ser aplicados em si mesmo ou nos colegas.

Uso Responsável de Animais: Para estudantes que precisam de experiências práticas com animais, tais necessidades podem ser supridas de diversas maneiras humanitárias. Animais que morreram naturalmente, ou que sofreram eutanásia por motivos clínicos, ou que foram mortos em estradas, etc., são utilizados em algumas universidades para o estudo de anatomia e cirurgia. Para estudantes que precisam do uso de animais vivos, a prática clínica é o método mais aplicado e humanitário; em alguns cursos de veterinária, por exemplo, a habilidade cirúrgica é aprendida pelos estudantes através de operações severamente supervisionadas em pacientes animais, em clínicas veterinárias.

Estudos de Campo e de Observação: Existe uma gama ilimitada de práticas alternativas que podem ser aplicadas através do estudo em campo. Animais selvagens e domésticos, e obviamente humanos, oferecem oportunidades para o estudo prático não invasivo e não prejudicial no estudo de zoologia, anatomia, fisiologia, etologia, epidemiologia e ecologia. Tais métodos podem estimular os estudantes a reconhecerem suas responsabilidades sociais e ambientais.

Experiências In Vitro: Muitos procedimentos bioquímicos envolvendo tecido animal podem ser adequadamente experimentados em cultura de tecidos. Outros métodos in vitro, particularmente em toxicologia, podem ser utilizados microorganismos, cultura de células, substituindo o uso de animais e oferecendo excelente preparação para profissões em pesquisas humanas.

Fonte Interniche Brasil

Retirado do site do PEA

domingo, 17 de maio de 2009

A carne e a evolução


Algumas pessoas questionam os vegetarianos, partindo da teoria de que o consumo de carne foi essencial à evolução da espécie.
Como eu não tenho formação científica para discutir a teoria em si (e nem teria razão para isso), para essas horas eu resolvi deixar a argumentação tradicional de lado e adotar uma fábula, mostrando como esse tipo de estudo não influencia a validade do vegetarianismo:

Vamos imaginar o seguinte - um homem das cavernas que vamos chamar carinhosamente de Ugh. Ugh é praticamente um macaco, não tem a menor idéia do que seja agricultura e come o que consegue coletar nas árvores (isso quando não é inverno). Ugh então é um pobre homem-primata praticamente desnutrido.

Em um dia que não tinha absolutamente nada pra comer Ugh resolve imitar os animais dos quais normalmente foge e caça um animal pra comer. Ah, detalhe, antes disso ele desceu das árvores, teve que desenvolver alguma ferramenta, então a mudança de ambiente tb força uma evoluçãozinha... Temos agora a seguinte situação: Ugh continua comendo seus escassos vegetais como um bom menino, mas complementa com uma carne. De repente ele aumenta a ingestão de proteínas e gordura, algo meio escasso nas fontes vegetais da época. E claro que o organismo dele vai responder a esses estímulo.

O problema é que a carne, muito embora seja digerida pelo Ugh, tem uns efeitos bem desagradáveis e metade da tribo dele acaba morrendo pois a digestão é bastante estranha. Enquanto estavam, literalmente, "ughando", viram almoço de algum tigre mal intencionado. Os que resistem são os que aguentam melhor a digestão do bagulho - muito embora nosso intestino permaneça até hoje longo (mais próximo de um herbívoro que de um carvívoro). Quando descobrem o fogo, entretanto, a mastigação e digestão da carne acabam ficando facilitadas, aumentando o consumo. Mas os vegetais nunca foram deixados de lado - e o cozimento de tubérculos, aumentando a energia disponível, também é um marco evolucionário.

Aliás, carne é um alimento tão estranho que basta pensar no que o Dr. Atkins descobriu: se vc passar um mês comendo apenas carne, vai emagrecer (pois seu corpo entra em estado cetônico, o que não é saudável). Aliás, terá zilhões de complicações, mas é só para mostrar que não existe nenhum humano realmente carnívoro (pão, feijão e arroz são de origem vegetal, caso alguém não lembre).

Acontece que um dia mais belo ainda o Ugh (um descendende após milhões de anos) descobre que não precisa ficar indo de caverna em caverna pois se ele plantar algumas coisas elas nascem. Bem, a alimentação dele fica bem mais variada e mais fácil.

E aí, ele não só começa a parar de se preocupar com comida como tem tempo pra desenvolver outras coisas e tem até tempo pra ficar pensando (óóóóó - uau, pensar desenvolve o cérebro). Se temos ciências, filosofia, artes, isso se deve principalmente à agricultura que possibilitou ao homem algum tempo livre, não precisando mais se deslocar noite e dia em busca de alimentação.

Passamos vários milênios. Ugh (deve ser Ugh MCCLXXIX) hoje em dia é um advogado meio estressado e, porque a avó disse que ficaria doente sem carne, come até hoje. Só que ele tá meio obeso, hipertenso, com o colesterol alto, mais velho do que sua idade e um sério candidato a câncer de intestino... Mas como é que ele vai sobreviver sem o churrasquinho do final de semana?

Mas hoje em dia o Ugh não é nem caçador nem agricultor (tem gente que faz isso pra ele. Aliás, ele nem sabe de onde vêm metade das coisas que ele come, sem contar que ele não faz esforço físico nenhum pra isso). Ele tem disponibilidade de todo tipo de alimento que possa imaginar.

A grande questão é que NÃO EXISTEM ALIMENTOS ESSENCIAIS, EXISTEM NUTRIENTES ESSENCIAIS. Ou seja, dá pra viver muitíssimo bem e sem as desvantagens da carne. Será que esse não é o próximo passo da evolução? (Sim, é provocação.)

Então, vamos aos nutrientes que todo mundo invoca para não parar de comer carne:
a) Proteína: o organismo não absorve proteínas, absorve aminoácidos. Muito embora a carne contenha todos os chamados "aminoáciodos essenciais" (claro, é um ser vivo bem parecido conosco), ela não é a única fonte. As combinações (ao longo do dia, não é necessário ser na mesma refeiçã) de leguminosas com cereais preferencialmente integrais, cereais com oleaginosas (ou laticínios) ou sementes com leguminosas suprem as necessidade desses aminoácidos. Vegetarianos praticam atividade física e conseguem ganho de massa muscular; há inclusive vários atletas de alta performance vegetarianos.
b) Ferro: vegetais possuem o chamado "ferro não heme" (carne tem 60% do ferro nessa forma, também, mas não vamos aumentar a discussão). Pra absorver esse tipo de ferro, a única coisa que a pessoa tem que se preocupar é com manter uma ingestão adequada de vitamina C diária (ou seja, tem que fazer o que qualquer onívoro minimamente consciente com sua dieta faria). O fato é que índices de anemia em populações creófilas e vegetarianas são equivalentes, evidência que afasta a necessidade da carne.
c) Zinco: existe abundantemente em ovos, leite, feijões, sementes e castanhas.
d) Vitamina B12: tem em ovos e leite também. 1 gema ou 2 fatias de queijo por dia suprem a necessidade diária. Só que vitamina B12 é produzida por bactérias que moram no intestino de alguns animais (nós produzimos mas não absorvemos, a príncípio) e casca de frutas contaminadas (que, como lavamos, não dá pra contar como fonte). Então tem muito vegetariano que não come leite ou ovo e está bem pois faz suplementação (que pode ser desde tomar pílulas uma vez por semana, injeção uma vez por ano a comer algum alimento enriquecido). Fazer suplementação não é nada demais (a imensa maioria dos brasileiros, que vivem longe do litoral, depende da suplementação de iodo. Mas, como ele é adicionado ao sal, ninguém nem lembra disso).

Ugh não vive mais em "estado de natureza" e não depende de carne para mais nada. Mora em cidades, usa computadores, habita construções de alvenaria e troca dinheiro por comida. Invocar esse tipo de argumento para tentar invalidar o vegetarianismo denota, no mínimo, um grande desconhecimento da questão nutricional e da nossa realidade.

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( texto retirado do site vegvida)

Resposta à matéria: Vegetarianismo pode esconder distúrbios alimentares em adolescentes

Na matéria Vegetarianismo pode esconder distúrbios alimentares em adolescentes, publicada em 11 de maio de 2009 pelo caderno Folhateen do jornal eletrônico Folha Online, o Sr. Chico Felitti busca, com muita falta de habilidade, desinformar o público e distorcer os fatos sobre a saúde e hábitos de jovens vegetarianos. A matéria publicada na Folha Online pode ser lida aqui: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u563589.shtml

Para ilustrar a manipulação de informação à qual o leitor é induzido, a matéria informa que a porcentagem de vegetarianos que usam a dieta para controlar o peso ou para mantê-lo é de 20%. Qual seria a porcentagem de jovens onívoros que usam a dieta para perder peso? Se a ideia era fazer um alerta com relação ao comportamento dos vegetarianos, o jornalista falhou em colocar o problema em perspectiva ao deixar de comparar o comportamento dos jovens vegetarianos com o comportamento da norma.

Mais adiante, na mesma linha, o texto sugere que “parte” desses jovens que usam a dieta vegetariana para perder peso sofreriam de anorexia e bulimia, mas o autor falha em citar qual seria a porcentagem de anoréxicos e bulímicos dentro dessa porcentagem de 20%: “Dentre os vegetarianos, dois de cada dez admitiram usar a dieta verde para perder peso ou para mantê-lo. No controle da balança, usam táticas como comer pouco e vomitar“. Certamente ele quis que alguns desses 20% usam tais táticas, e não todos eles, o que poderia ser qualquer número entre 1 ou 108 indivíduos (o estudo avaliou 2.516 jovens, sendo 108 vegetarianos). Mas da maneira como foi escrito, ao ler a frase acima, o leitor desatento poderá facilmente ser levado a crer que os 20% citados são todos anoréxicos e bulímicos. Ademais, a porcentagem de jovens vegetarianos que sofrem desses distúrbios é maior do que a porcentagem de jovens onívoros? Se não é, qual foi o propósito em causar alarde?

O jornalista fecha com chave de ouro o penúltimo parágrafo, onde ele declara: “Há exceções: filho de vegetarianos, Juliano Vilela, 16, nunca tomou pílulas. Tampouco comeu carne. ‘Não sei qual é o gosto e nem quero saber.’”. Exceções?! Se estávamos falando de 20% de jovens que usam a dieta para controlar o peso (o que não caracteriza distúrbio), sendo que apenas uma fração (não informada) desses sofreria de distúrbios como anorexia e bulimia, quando foi que todo o restante (mais de 80% do total) passou a ser exceção? Pelos meus cálculos (e usando os números do próprio autor), qualquer número superior a 80% é maior do que qualquer número inferior a 20%, o que significa que a exceção (citada por ele como saudável) é a regra, e a regra (citada por ele como ortoréxica) é a exceção. Em nome da sanidade da informação, espero sinceramente que a falta de perspicácia do autor e a gafe da editoria da Folha Online ao deixar um texto com tamanho potencial de desinformação ser publicado sejam a exceção e não a regra.

Operações matemáticas primárias e expectativas à parte, o texto contém “erros” grotescos de informação de cabo a rabo. A abertura do texto sugere que o fato de 20% dos jovens que se dizem vegetarianos sofrerem de distúrbios alimentares seria um bom contra-argumento para a alegação de que quem não come carne é mais saudável. Será que o autor realmente pretendeu, usando esse único argumento, derrubar toda a sólida argumentação em favor da adoção de uma dieta vegetariana? Proeza difícil essa. Mas espere aí, está escrito ali no início do texto que 20% dos jovens vegetarianos sofrem de distúrbios alimentares? Sim, está escrito exatamente assim logo no primeiro parágrafo. Mas como já vimos, mais adiante no texto está escrito que 20% dos jovens usam a dieta para controlar o peso, o que não caracteriza distúrbio alimentar. O que é sugerido é que apenas uma parte (não declarada) desses 20% sofreria de distúrbios alimentares. Bom, estamos de volta às dificuldades com a ciência aritmética básica.

Já no ramo da ciência da saúde, uma vasta literatura científica aponta de maneira consistente para o fato de que vegetarianos (crianças, jovens e adultos) são mais saudáveis do que os seus parceiros onívoros, gozando de melhor saúde e longevidade. Aliás, a própria matéria em questão, em raros trechos dispersos entre a condução manipulada e maravilhas literárias como ‘proteger os bichinhos’ e ‘vegetas’, informa que:

* 4,3% dos jovens americanos são vegetarianos;
* 25% dos jovens americanos acha o vegetarianismo “cool” (bacana);
* a porcentagem de vegetarianos no Reino Unido cresceu de 1,8% nos anos 80 para 7% em 2005;
* nas palavras da autora do estudo: “vegetarianos têm menos chances de ter doenças cardíacas e diabetes”;
* nas palavras do autor do texto: “os ‘vegetas’ com dieta balanceada tendem a ingerir mais vitaminas e menos gordura do que quem come carne”;
* vegetarianos estão insatisfeitos com o atendimento prestado por nutricionistas.

Seja para os profissionais da área de saúde ou do jornalismo, a informação correta acompanhada de uma boa dose de aritmética básica é prescrição essencial.

George Guimarães
Nutricionista especializado em dietas vegetarianas
RG: 13.564.803-8
Fone: 11-5585-3475
e-mail: nutriveg@terra.com.br


Para ilustrar a manipulação de informação à qual o leitor é induzido, a reportagem declara que a porcentagem de vegetarianos que usam a dieta para controlar o peso ou para mantê-lo é de 20%. Qual seria a porcentagem de jovens onívoros que usam a dieta para perder peso? Se a ideia era fazer um alerta com relação aos vegetarianos, o jornalista falhou em colocar o problema em perspectiva ao ter falhado em comparar o comportamento dos jovens vegetarianos com o comportamento da norma.

Mais adiante, na mesma linha, o texto sugere que “parte” desses jovens que usam a dieta vegetariana para perder peso sofreriam de anorexia e bulimia, mas o autor falha em citar qual seria a porcentagem de anoréxicos e bulímicos dentro dessa porcentagem de 20%: “Dentre os vegetarianos, dois de cada dez admitiram usar a dieta verde para perder peso ou para mantê-lo. No controle da balança, usam táticas como comer pouco e vomitar“. Poderiam ser qualquer número entre 1 ou 108 indivíduos (o estudo avaliou 2.516 jovens, sendo 108 vegetarianos). Ao ler a frase acima, o leitor desatento pode facilmente ser levado a crer que os 20% citados são todos anoréxicos e bulímicos. A porcentagem de jovens vegetarianos que sofrem desses distúrbios é maior do que a porcentagem de jovens onívoros? Se não é, qual foi o propósito em causar esse alarde?

No penúltimo parágrafo, o jornalista fecha com chave de ouro: “Há exceções: filho de vegetarianos, Juliano Vilela, 16, nunca tomou pílulas. Tampouco comeu carne. ‘Não sei qual é o gosto e nem quero saber.’”. Se estávamos falando de 20% de jovens que usam a dieta para controlar o peso (o que não caracteriza distúrbio), sendo que apenas uma fração (não informada) desses poderia sofrer de distúrbios como anorexia e bulimia, quando foi que todo o restante (mais do que 80% do total) passou a ser exceção? Usando os números do próprio autor, pelos meus cálculos qualquer número superior a 80% é maior do que qualquer número inferior a 20%, o que significa, que a exceção citada como saudável é a regra e a regra citada como exceção é a exceção. Em nome da saúde da informação, espero que a falta de perspicácia do autor e a gafe da editoria da Folha Online ao ter deixado um texto com tamanho potencial de desinformação ser publicado sejam a exceção e não a regra.

Operações matemáticas primárias e expectativas à parte, o texto contém “erros” grotescos de informação de cabo a rabo. A abertura do texto declara que o fato de que 20% dos jovens que se dizem vegetarianos sofrerem de distúrbios alimentares seria contra-argumento para a alegação de que quem não come carne é mais saudável. O autor realmente pretendeu derrubar toda a argumentação em favor da adoção de uma dieta vegetariana com esse único argumento? Proeza difícil essa. Mas espere aí, ele escreveu que 20% dos jovens vegetarianos sofrem de distúrbios alimentares? Sim, está escrito exatamente assim no primeiro parágrafo do texto. Mas ele não havia dito mais adiante no texto, como já foi citado, que 20% dos jovens usavam a dieta para controlar o peso e apenas uma porcentagem (não declarada) desses sofria de distúrbios alimentares? Bom, estamos de volta às dificuldades com a ciência aritmética básica.

Já no ramo da ciência da saúde, uma vasta literatura científica aponta de maneira consistente para o fato de que vegetarianos (crianças, jovens e adultos) são mais saudáveis do que os seus parceiros onívoros, gozando de melhor saúde e longevidade. Aliás, a própria matéria em questão, em raros trechos dispersos entre a condução manipulada e maravilhas literárias como “proteger os bichinhos” e “vegetas”, informa que:

* 4,3% dos jovens americanos são vegetarianos;
* 25% dos jovens americanos achava o vegetarianismo “cool” (bacana);
* a porcentagem de vegetarianos no Reino Unido cresceu de 1,8% para 7% dos anos 80 para 2005;
* nas palavras da autora do estudo: “vegetarianos têm menos chances de ter doenças cardíacas e diabetes”;
* nas palavras do autor do texto: “os ‘vegetas’ com dieta balanceada tendem a ingerir mais vitaminas e menos gordura do que quem come carne”;
* vegetarianos estão insatisfeitos pelo atendimento prestado pelos nutricionistas.

Seja para os profissionais da área de saúde ou do jornalismo, a informação correta acompanhada de uma boa dose de aritmética é prescrição essencial!

George Guimarães
Nutricionista especializado em dietas vegetarianas
e-mail: nutriveg@terra.com.br
site: www.nutriveg.com.br

TERRÁQUEOS! Para os corajosos como eu =)

PARTE 1 :


PARTE 2:

PARTE 3:


PARTE 4:

PARTE 5:

PARTE 6:

PARTE 7:

PARTE 8:

PARTE 9( FINAL ):

quinta-feira, 9 de abril de 2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Carta ao jornal Estado de São Paulo - debate sobre experiências em animais



Cientistas e pesquisadores que investigam as doenças que afligem humanos são treinados em centros de pesquisa na prática criminosa da vivissecção, proibida pela Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, quando há métodos substitutivos. Em muitos casos, a vivissecção é o único método no qual a inteligência científica recebe treinamento. Nos últimos quarenta anos, a pesquisa biomédica centrou esforços em experimentos com "modelos" obtidos às custas do sofrimento e morte de animais não-humanos, usados para espelhar as doenças produzidas num ambiente físico e mental humano. Entre essas estão o câncer, os acidentes vasculares, a hipertensão, a hipercolesterolemia, o diabetes, a esclerose múltipla, as degenerações neurológicas conhecidas por mal de Parkinson e mal de Alzheimer, a "depressão" e outras formas de sofrimento psíquico. Ratos, camundongos, cães, símios, cavalos, porcos e aves são comercializados no mercado vivisseccionista.

Só para dar um exemplo: Calcula-se que sejam 2, 6 milhões de humanos sofrendo de esclerose múltipla ao redor do planeta. Os medicamentos obtidos a partir da vivissecção de roedores fracassaram. Cientistas reconheceram que a causa da doença é "ambiental", contribuindo para ela diferentes genes, não apenas um. Os medicamentos disponíveis hoje, de origem microbiana, não resultaram da vivissecção, e sim da codificação da estrutura físico-química deles (Greek & Greek, Specious Science).

Não sendo aquelas doenças de origem genética nem hereditária, qual seria o propósito científico em se insistir na arquitetura do modelo animal para buscar a cura delas?

Talvez se possa saber a resposta, olhando para os interesses financeiros (reais "benefícios humanos"?), em jogo na base, em volta e por detrás da atividade vivisseccionista acadêmica e dos negócios que ela encobre. Consultando-se a tabela de preços das empresas que fornecem camundongos geneticamente modificados para pesquisas vivisseccionistas, por exemplo, começamos a ter uma idéia do que se esconde por detrás do argumento do "benefício humano", que os vivisseccionistas defensores da legalização desta prática anti-ética usam como escudo para protegerem-se das críticas abolicionistas.

A pesquisa com animais vivos "beneficia interesses humanos": o preço de um camundongo geneticamente modificado, para citar apenas uma espécie usada na vivissecção, pode variar de U$ 100,00 a U$ 15.000,00 dólares a unidade. Os utensílios para o devido manejo de um animal desses não são oferecidos por preços camaradas. Um aparelho para matar, de forma "humanitária", animais usados na pesquisa, desativando-lhes as enzimas cerebrais, custa algo em torno de U$ 70.000,00 a unidade. Aparelhos para conter ratos, cães, gatos e macacos, podem custar entre U$ 4.500,00 a U$ 8.500,00 a unidade. Os "produtores" de animais também são parte desta cadeia que forma a "dependência da ciência em relação à vivisseccção", sem a qual ela não pode sobreviver hoje, e à qual a vida e a saúde humana estão algemadas.

Em 1999, relatam Greek & Greek, a venda de camundongos nos Estados Unidos alcançou 200 milhões de dólares. A de outros animais chegou a 140 milhões de dólares. Mas, os "benefícios humanos" aos quais os vivisseccionistas se referem em sua defesa pública da regulamentação da vivissecção no Brasil, não se restringem apenas ao que os empresários produtores de animais e fabricantes de aparelhos para contê-los nos biotérios e laboratórios faturam. Também os editores das revistas, jornais e livros são parte desta comunidade humana "beneficiada" pela vivissecção. E, finalmente, o benefício humano mais espetacular está no faturamento da indústria química e farmacêutica, uma cadeia de negócios ao qual estão atreladas todas as farmácias ao redor do planeta e todas as pessoas que compram medicamentos alopáticos na esperança de cura ou alívio de seus males, e alimentos processados, cujos componentes levaram os animais a sofrerem o Draize Test e o LD 50.

Mas, quando os vivisseccionistas publicam artigos defendendo a legalização de sua prática anti-ética, a de matar animais para inventar modelos que possam espelhar doenças humanas, mesmo sabendo que cada organismo tem sua própria realidade ambiental e não existe um meio que possa curar uma mesma doença em todos os indivíduos, pois cada um a desenvolve de modo peculiar, os "benefícios contábeis" e os "benefícios acadêmicos" acumulados em todos os elos dessa cadeia vivisseccionista são escondidos do leitor. Ninguém publica, no Brasil, um relato minucioso do montante destinado pelas agências financiadoras à pesquisa vivisseccionista. Por isso, não temos conhecimento dos custos do fracasso vivisseccionista (AIDS, câncer, Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla, diabetes, colesterolemia, doenças ambientais, muito mais do que genéticas).

A pesquisa com animais levou a indústria farmacêutica ao apogeu nos últimos vinte anos. Não casualmente, nestes últimos vinte anos, multiplicaram-se as mortes por insuficiência circulatória, hipertensão, diabetes, câncer, síndromes neurológicas degenerativas, cirrose hepática e infecções. O componente ambiental dos males humanos não pode ser espelhado em organismo de ratos e camundongos. Ao mesmo tempo, vivisseccionistas insistem em defender a lei que legalizará sua prática, dando a entender ao público leigo que a vivissecção é a "saída" para a cura dos males humanos. Seus artigos "científicos" não produzem efeito, nem sobre seus pares vivisseccionistas. Como poderiam produzir efeitos sobre a saúde humana? 80% dos artigos publicados em revista especializada são citados no máximo uma vez em outros veículos, e 50% dos artigos vivisseccionistas jamais são citados, seja na mesma, seja em outras revistas (Greek &Greek). Os milhões de animais mortos para que tais artigos sejam publicados e para que seus autores os contabilizem em sua produtividade acadêmica, tiveram suas vidas destruídas para nenhum outro "benefício humano", a não ser dar a seus autores o título de mestre e doutor, ou a concessão de bolsas de produtividade.

São esses os reais "benefícios humanos" da prática vivisseccionista, dos quais ninguém pode abrir mão?

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Sônia T. Felipe, doutora em Filosofia Moral e Teoria Política pela Universidade de Konstanz, Alemanha, membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, FLAD; pós-doutorado em bioética com recorte em ética animal, Professora e pesquisadora da UFSC, orienta monografias, dissertações e teses em bioética, ética animal, ética ambiental, direitos humanos e teorias da justiça. Autora de, Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas (Edufsc, 2007) e Por uma questão de princípios (Boiteux, 2003). Colaboradora da Revista Pensata Animal, www.sentiens.net.

Animais X Cientificismo




Pesquisadores brasileiros, com a afirmação de que o uso de animais é imprescindível para a produção de novas substâncias, medicamentos e técnicas de pesquisa, parecem desacreditar na capacidade da ciência em vencer novos desafios. O argumento cientificista parece fazer uma leitura conveniente e parcial da história, defendendo equivocadamente que os resultados da experimentação animal são confiáveis ao homem.

Por que nossos cientistas gabam-se do aumento do número de mestres e doutores aqui formados a cada ano, enquanto omitem que o governo paga R$ 3.300,00 mensais para mantê-los no país? Em termos de estatísticas da chamada produção científica, vale dizer, não se deve confundir qualidade com quantidade.

A classe acadêmica procura manter sua tradição e status, mesmo que para isso tenha de se referir aos avanços em números, não em relevância científica. É um engano, porém, acreditar que a experimentação em animais tem resultados mágicos (fruto de um pensamento científico canônico) e que pode salvar vidas. Ratos, cães, macacos e outros, decididamente, não são seres humanos.

Ademais, da forma como vem sendo realizada na maioria dos laboratórios, centros de pesquisa ou estabelecimentos de ensino, a experimentação animal é uma atividade imersa na ideologia científica dominante (sem compromisso com novos valores emergentes), na qual os animais - tidos como objetos de estudo ou peças descartáveis - são tratados como se fossem criaturas eticamente neutras. Sob a justificativa de buscar o progresso da ciência, o pesquisador prende, fere, quebra, escalpela, penetra, queima, secciona, mutila e mata, perfazendo um autêntico massacre consentido. Isso tudo apesar da conhecida existência de recursos alternativos que a maioria dos vivisseccionistas nem quer ouvir falar e do dispositivo constitucional que veda a submissão de animais a crueldades.

Quanto ao PL 1153/95 (do então deputado Sérgio Arouca), que tramita há 12 anos em Brasília, seu texto é retrógrado e não tem o apoio das sociedades de proteção animal, tampouco da sociedade civil. Já o PL paralelo apresentado em 2003 pela deputada Iara Bernardi e injustamente rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça, tratava da experimentação animal de maneira bem superior, priorizando o uso de recursos substitutivos, garantindo a objeção de consciência e, ainda, vedando os experimentos repetidos cujos resultados são conhecidos do cientista.

Eventual aprovação do PL Sérgio Arouca não seria um passo derradeiro, nem sequer um avanço para a ciência. Basta lembrar que o legislador ambiental tornou crime a experimentação didático-científica em animais, quando não aplicados os recursos substitutivos existentes. Esta restrição legal contraria interesses econômicos movimentados pelas poderosas indústrias médica, cosmética e farmacêutica, além de causar preocupação àqueles que utilizam animais em pesquisas.

As informações hoje existentes sobre os índices de crueldade para com os animais submetidos à experimentação animal, bem como ao reconhecimento de que o uso animal em pesquisas é um erro metodológico capaz de prejudicar o próprio homem, levaram conceituados profissionais, sobretudo dos países desenvolvidos, a uma necessária mudança de paradigma, abolindo de vez a vivissecção. O que falta à classe de pesquisadores brasileiros, porém, é a ousadia de olhar pra frente, acreditar que é possível conciliar ética à atividade científica.

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Laerte Fernando Levai é promotor de justiça em São José dos Campos/SP e autor do livro 'Direito dos Animais'. E-mail: laertelevai@uol.com.br

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Thales Tréz é biólogo e professor da Universidade Federal de Alfenas/MG, autor do livro "A Verdadeira Face da Experimentação Animal", representante da Interniche no Brasil. E-mail: thales_trez@yahoo.com.br

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Sheila Moura é doutora em Serviço Social, presidente-fundadora da Sociedade Educacional "Fala Bicho" (1993) e ativista na proteção animal desde 1972. Produziu trabalhos pioneiros no país, como o Manual do Fala Bicho, o convênio com prefeitura para castração gratuita, a idealização, produção e publicação do primeiro livro brasileiro sobre experimentação animal (A Verdadeira Face da Experimentação Animal), programas de rádio, entre outros. Tem vinte e um artigos e inúmeras denúncias publicados na imprensa desde 1987, sobre os mais diversos temas ligados à defesa dos animais. É apresentadora do quadro "Fala Bicho" no Programa Francisco Barbosa, na Rádio Tupi do Rio de Janeiro. E-mail: falabicho@falabicho.org.br


Texto já publicado no jornal O Globo.

Resposta à reportagem “A moda do vegetarianismo – e seus riscos”



A reportagem “A moda do vegetarianismo – e seus riscos” publicada pela revista Época online em 28/11/2008, traz algumas afirmações que carecem de informação correta e outras que propõem meias soluções como se fossem soluções completas.

A reportagem afirma que o consumo de proteínas animais é fator de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares, apontando o seu conteúdo de colesterol como um dos responsáveis. Em seguida, a matéria apresenta a recomendação do médico nutrólogo para ingerir carnes vermelhas duas ou três vezes por semana, intercalando com carnes brancas.

Em primeiro lugar, algumas carnes brancas contêm mais colesterol do que as carnes vermelhas, podendo portanto serem piores para esse efeito. Além disso, se o vilão apontado é o consumo de “proteína animal”, o melhor resultado será obtido eliminando por completo o consumo desse produto e não o reduzindo de maneira conservadora.

Novamente, a reportagem cita uma afirmação do médico nutrólogo onde ele recomenda aos vegetarianos aspirantes para consumirem ovos e laticínios para que não fiquem “sem as proteínas animais presentes nas carnes”, estando implícito aqui que a proteína de origem animal seria essencial à nutrição humana, o que não é fato. Ademais, a recomendação para incluir ovos e laticínios na dieta vegetariana limita os benefícios para a saúde cardiovascular que poderiam ser obtidos com uma dieta vegana (vegetariana completa).

O erro mais grave, no entanto, está na afirmação de que a dieta vegana (vegetarianismo restrito), ou a “falta de proteínas animais”, seria contra-indicado para crianças e adolescentes com menos de 18 anos, sob o risco de prejudicar o crescimento e desenvolvimento da criança e causar alterações funcionais nos órgãos.

É fato que as carências nutricionais podem levar ao que foi descrito, mas não é fato que uma dieta vegetariana restrita seja uma dieta com carências nutricionais. Algumas associações dietéticas internacionais já se posicionaram sobre o tema da alimentação vegetariana infantil e não há restrição para a adoção de uma dieta vegana, desde que essa seja bem orientada e suplementada com a vitamina B12. Estudos científicos também corroboram o fato de que crianças e adolescentes podem adotar uma dieta vegana. Os poucos estudos que mostram resultados negativos no crescimento e desenvolvimento de crianças veganas são aqueles onde a população não faz uso de suplementação com a vitamina B12 ou onde prevalece um grau de desnutrição que atinge não apenas a população vegetariana, mas toda a população da região ou grupo estudado.

Em minha prática como nutricionista, dedico-me exclusivamente ao atendimento de pacientes vegetarianos, muitos deles crianças, adolescentes e inclusive gestantes. Seguindo o que é atestado por associações dietéticas de renome e por publicações científicas, os meus pacientes se mostram muito saudáveis, especialmente quando bem orientados.

Uma criança pode adotar uma dieta vegetariana ou vegana desde o nascimento, desde que haja o devido planejamento nutricional, o que é essencial em qualquer estilo alimentar, não sendo essa necessidade de planejamento exclusiva ao veganismo. Os nutrientes que merecem atenção em uma dieta vegana infantil são a vitamina B12 (encontrada em alimentos fortificados ou suplementos), o ômega-3 (encontrado no óleo de linhaça), a proteína (encontrada nas leguminosas e nas castanhas), o ferro (abundante nas frutas, vegetais verde-escuros, no melado-de-cana, nas castanhas e nas leguminosas) e o cálcio (encontrado nas mesmas fontes de ferro citadas).

Sugiro à reportagem da revista Época que escolha as suas fontes para compor as matérias, pois no caso da reportagem em questão faltou a informação tanto para a jornalista responsável quanto para o profissional consultado. Coloco-me à disposição para fornecer quaisquer informações adicionais a que possam se interessar.
Dr. George Guimarães

Nutricionista especializado em dietas vegetarianas

e-mail: nutriveg@terra.com.br e georgeguimaraes@anda.jor.br

website: www.nutriveg.com.br

Fone: 11 5585-34785

Veja a reportagem da Época online na íntegra:

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI18148-15279,00-A+MODA+DO+VEGETARIANISMO+E+SEUS+RISCOS.html


Fonte: ANDA

Quer mesmo deixar de sentir vontade de comer carne?


"Você quer realmente deixar de sentir vontade de fazer uso de carne ?

Então visite um matadouro.

Veja os animais gritando pela vida em seus ultimos momentos.
Se debatendo sem chance alguma de defesa, sem direitos, sem advogado, sem entender por quê tudo está acontecendo.

Olhe no fundo dos olhos de uma vaca nos últimos momentos de sua triste vida.

Veja como gritam os porcos.

Sinta o cheiro da dor e da morte do sangue de um ser inocente e indefeso, que desde seu nascimento foi criado sob hormônios, confinado em cubículos, sem ver a luz do sol, sem sentir o cheiro do orvalho, sem estar em contato com a mãe Natureza, sem pisar na terra nem ver o brilho da lua e os ciclos do sol.

E que durante seu breve viver não ouviu o som do vento mas sim os gritos de dor dos últimos momentos dos seus semelhantes que estavam na hora do abate, pois o lucro a todos interessa.

Interessa ao criador, aos governos com seus impostos, aos índices da balança comercial, aos açougues e mercados.

E pensando bem..., nós a sociedade, boas pessoas, religiosas que somos, com nossos livros sagrados que teorizam amor e justiça, precisamos de um bom churrasco para brindar com os amigos as delicidas da vida.

E esperamos Complacência Divina em nossos momentos de dor e angústia.

E então... se você realmente possui sentimentos, se lembrará de alguém que um dia falou "Amai-vos uns aos outros (os animais tambem pois Amor verdadeiro não sectariza)...".

Faça esta experiência.

Eu afirmo que será marcante em sua vida, não apenas no sentido de carpádio, mas no modo como você se posiciona perante a sua vida e perante a Existência.

Serão algumas horas "perdidas" procurando e visitando um matadouro mas que trarão inestimáveis frutos para todo o seu viver.

Eu garanto enfaticamente: você será outro homem, em todo seu espectro de atuações e pelo resto de seu viver.

Pouca teoria, pouco verborragia. Prática, ação, atuação, realização."

Texto por J.W. - Comunidade Vegan do RJ